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Aula 8- 19/05:

 

A aula do dia 19 foi constituída de 5 momentos:

 

MOMENTO 1: Devolutiva Portfólios

 

O professor Marcos iniciou a aula fazendo alguns comentários sobre os portfólios (Infância e práticas corporais e Brincadeiras). A partir da leitura, percebeu que precisava retomar dois conceitos trabalhados: cultura corporal e prática corporal. Ele explicou que cultura corporal é uma parte do patrimônio cultural e tudo aquilo que se diz respeito a ele, fazendo parte também das práticas corporais, como saber dançar, por exemplo. Já as práticas corporais são os produtos sociais da motricidade ou da gestualidade sistematizada, com características lúdicas.

 

MOMENTO 2: Fechamento do tema do esporte.

 

Como realizamos a vivência do Handebol no ginásio da EEFE, o professor Marcos concluiu o trabalho nesta aula, mostrando um vídeo do Youtube, do canal da equipe de handebol de Taubaté, em que os jogadores explicavam algumas regras básicas do jogo. O professor mostrou o vídeo como uma possibilidade de ampliação do conhecimento relacionado ao esporte vivenciado.

 

MOMENTO 3: Explicação etnografia

 

O grupo demonstrou algumas dúvidas sobre a realização do trabalho de etnografia que fará parte da avaliação final do curso. O professor Marcos disse que para ficar mais claro seria importante a leitura do texto, que está disponível no site, depois disso escolher uma prática para ser observada e a partir dela entrevistar seus representantes para a elaboração do trabalho. Também destacou a importância do papel da etnografia no currículo cultural e na vida dos alunos quando realizada na escola.

 

MOMENTO 4: Exposição do tema Ginástica

 

O professor Marcos começou a explicar a história da Ginástica a partir da sua Gênese, na Grécia Antiga. Os cidadãos nessa época viam a ginástica como uma atividade que fatigava, ou seja, qualquer movimento que fosse feito que cansasse seria uma ginástica. Também viam como uma forma de mostrar que se tinha saúde, beleza, força, disciplina e respeito. Entretanto, para realizá-la era necessário seguir os padrões éticos e religiosos, isto é, apenas os gregos, homens e cidadãos podiam praticá-la.

 

Com a reinvenção da ginástica, por volta do século XIX, o professor Marcos explicou que houve uma padronização, uma cientificização e uma pedagogização do entendimento do corpo. Assim, iniciou-se um grande fascínio pelas máquinas que corrigiam os corpos (espartilho, cruz de ferro) e um desejo de organização e controle por parte do Estado. Segundo Soares, “afinados com o Estado, exortam a moral de classe (burguesa) afirmando, em seus tratados sobre a Ginástica, o “culto” à saúde, ao corpo e à Pátria”. (SOARES, 1998, p. 23)

 

A ginástica passou então, a ser considerada um produto acabado e científico, e a partir disso, começaram os primeiros estudos sobre o corpo (fisiologia, cinesiologia, anatomia), com a promessa de uma melhoria do ser humano com o chamado movimento ginástico europeu, explicado por Carmen Lúcia Soares como:

“Expressão da cultura, este movimento se constrói a partir das relações cotidianas, dos divertimentos e festas populares, dos espetáculos de rua, do circo, dos exercícios militares, bem como dos passatempos da aristocracia. Possui em seu interior princípios de ordem e disciplina coletiva que podem ser potencializados”. (SOARES, 1998, p. 18)

 

A partir deste movimento, surgiu um ideal de nacionalismo e germanismo pedagógico, com a crença de que com as capacidades físicas (força, resistência, velocidade) e habilidades motoras trabalhadas para aperfeiçoar o corpo, era possível ter melhores resultados em guerras e ainda melhorar a postura e a moral das pessoas, fazendo com que os métodos ginásticos fossem vistos como uma forma de educação.

 

O professor Marcos continuou a explicação dizendo que a ginástica contemporânea passou por transformações, deixando de ter um viés performático, como na época da Escola Normal Caetano de Campos, para chegar a realização de exercícios modeladores, de flexibilidade, forma e destreza que geram uma obsessão por medidas e resultados, em busca de um embelezamento dos corpos, que é o intuito da ginástica nos dias de hoje.

 

Por fim, o professor Marcos explicou que existem alguns tipos de ginástica, como a ginástica de demonstração, vista nas olimpíadas; a ginástica formativa, que pode ser construída (academia, musculação, capacidades físicas e motoras) ou natural (só com o próprio corpo, não usa aparelhos); a ginástica competitiva, respaldada pela FIG (Federação Internacional da Ginástica); e a ginástica de demonstração, que pode ser a ginástica geral (prática de ginástica de demonstração) ou a ginástica para todos.

De acordo com o autor Georges Vigarello:

 

“A ginástica não mais sugere apenas resultados, inventa gestos, recompõe exercícios e encadeamentos. Ela cria, em particular, novas hierarquias de movimentos: do mais simples ao mais complexo, do mais mecânico ao mais elaborado, reinventando, parte por parte, progressões e sequências. Ela multiplica os gestos quase abstratos reduzidos à sua mais simples expressão dinâmica – aquela de um deslocamento de alavanca- para recompô-los num conjunto sempre mais amplo: “Os movimentos elementares são para a ginástica aquilo que a arte de soletrar é para a leitura”” (AMOROS, 1834 p. 127) (GEORGES, 2003, p. 13).

 

 

MOMENTO 5: Vídeos e Provocação

 

O professor Marcos mostrou alguns vídeos de um trabalho realizado em uma escola pública em que a professora trabalhou o tema da ginástica, incentivando seus alunos a compartilharem os seus saberes e gestualidades, ressignificando o tema e construindo posteriormente, uma apresentação com a junção dos seus conhecimentos e do que foi aprendido durante as aulas de educação física.

 

No final da aula, Marcos pediu que a turma se dividisse nos grupos do portfólio para discutir e entregar em uma folha a seguinte provocação: “Identifiquem pontos em comum nas trajetórias da ginástica e do esporte”.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

SOARES, C. L. Educação no corpo: a rua, a festa, o circo, a ginástica. In: Imagens da educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998. p. 17 a 29.

VIGARELLO, G. A invenção da ginástica no século XIX: movimentos novos, corpos novos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 25, n. 1, p. 9-20, set. 2003.

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Aula 9 (26/05): Vivências corporais – Salão Nobre da Escola de Aplicação.

 

A aula do dia 26 foi constituída por 4 momentos.

 

MOMENTO 1: Retomada aula anterior

 

Com o grupo todo em roda, o professor Marcos iniciou a aula lendo um documento com os pontos em comum nas trajetórias da ginástica e do esporte moderno, identificados pelos grupos na aula anterior.  

 

Além disso, retomou a explicação sobre a etnografia exemplificando com a leitura de um trecho do capítulo 6 do livro “O caçador de pipas”, que foi indicado como referência para o maior entendimento sobre a essência da etnografia. Marcos observou também, que não é viável iniciar um discurso com nossas impressões, valores e posicionamento ao se tematizar uma manifestação da cultura corporal, mas sim, analisar cuidadosamente seus significados, identificando e reconhecendo os signos presentes que são resultantes das dinâmicas sociais envolvidas na prática corporal estudada.

 

MOMENTO 2:  Vivência Ginástica

 

Ainda em roda de conversa, o professor Marcos explicou que faríamos as vivências com base em duas modalidades da ginástica que foram citadas no mapeamento realizado na primeira aula. São elas: Ginástica Artística e Ginástica Rítmica. Também justificou a escolha das duas como práticas que foram acessadas e ressignificadas na infância, observando que foi interessante que os grupos apontaram outras práticas sociais das ginásticas, como em praças, parques ou em outros ambientes coletivos. Temas estes, encontrados no cotidiano e nos horizontes das crianças. Segundo o autor Marcos Neira:

“Qualquer que seja a ginástica a ser estudada, há que se ter em conta que ela comunica ideias, princípios, valores e crenças de um determinado grupo social. Torna-se, portanto, imprescindível compreender seu contexto de formação, a realidade na qual está inserida e o que permitiu ou dificultou seu surgimento e continuidade”. (NEIRA, 2014, p. 168 e 169).

 

Com a intenção de levantar os conhecimentos que a turma tinha em relação as duas modalidades da ginástica, o professor Marcos questionou os alunos perguntando se eles sabiam quais eram os elementos das ginásticas artística e rítmica.

 

As respostas giraram em torno dos vídeos assistidos na aula passada e dos conhecimentos prévios dos alunos. Com isso, e com o auxílio do professor, elencamos estes elementos básicos da ginástica artística: rolamento (cambalhota), frente e trás, roda (estrela), rodante, parada de mão, parada de três apoios e avião, movimentos estes que sempre interagem com aparelhos, tais como: barras simétricas e assimétricas, cavalo com alça e sem alça, salto com mesa, argolas, entre outros.

 

Já em relação à ginástica rítmica, o professor Marcos sugeriu uma experimentação com a fita, colocando a disposição a possibilidade de acessarmos vídeos para aumentarmos o nosso repertório em relação a gestualidade. Além disso, alguns alunos mencionaram algumas ressignificações da fita realizadas durante a infância.

 

A turma foi dividida em dois grupos, um grupo ficou com os colchões experimentando os elementos da ginástica artística e o outro grupo teve acesso a várias fitas disponibilizadas pelo professor. Neste primeiro momento a ideia era de experimentação e compartilhamento de saberes entre o grupo.  

 

 

 

 

 

MOMENTO 3: Construção de coreografias e apresentação

 

Neste momento o professor Marcos chamou os grupos individualmente pedindo para que realizassem, como produto final desta construção coletiva, pequenas apresentações a partir do que tinham aprendido durante o tempo de experimentações, no caso da ginástica rítmica, usando também os vídeos como apoio para a construção das coreografias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após as apresentações, muito aclamadas pela empolgação da turma. O professor sugeriu a troca da experimentação. O grupo da fita foi para os colchões e vice versa.

 

Na segunda rodada de apresentações, ficou claro que os participantes, por já terem visto os grupos anteriores, aumentaram o seu repertório de gestualidade, contribuindo assim para o surgimento de novas combinações de movimentos.  

MOMENTO 4: Discussão final

 

Após as apresentações de todos os grupos, em roda, o professor Marcos questionou a turma, sobre as sensações e impressões mobilizadas durante a vivência dessa prática corporal. De imediato, o grupo se manifestou sobre o quanto é interessante observar a linguagem corporal estabelecida após o compartilhamento de cada contexto apresentado, onde ocorreram adaptações necessárias, negociações entre os integrantes dos grupos, superação de desafios pessoais e a ampliação da corporeidade que foi expressa e comunicada a partir da construção das apresentações dos grupos. De acordo com Marcos Neira:

“A linguagem corporal é um dos aspectos da cultura. Para problematizar seus produtos é preciso ter claro que não basta eleger os saberes elaborados pelos diversos grupos sociais e transmiti-los às crianças. O desafio se apresenta na leitura crítica da própria prática e da realidade que a circunda, isto é, dos seus contextos ideológicos de produção, manutenção e transformação” (NEIRA, 2014, p. 169 e 170).       

 

Durante a conversa, houve algumas colocações correlacionando a aula com vivências individuais provenientes do tempo escolar, salientando a rigidez dos professores ao abordarem a ginástica durante as aulas de educação física, evidenciando a dicotomia que existe entre o certo e o errado - a caminho da plasticidade e da perfeição-, e impedindo/inibindo a exploração corporal da gestualidade e da criatividade dos alunos.

 

 

 

A partir dessas colocações, o grupo discutiu sobre o papel que a escola tem tido ao querer engessar e controlar os corpos dos alunos, que perdem o prazer, a criatividade e a criticidade que a turma teve ao experimentar os elementos da ginástica, retomando a discussão inicial, em que o professor Marcos explicou que qualquer gesto, elaborando a sua gestualidade, deve evitar qualificar e sim, estimular o processo de criação de novas possibilidades e formas desta gestualidade, na tentativa de valorizar e facilitar a participação e a compreensão do processo de construção e produção da prática corporal.

Segundo Neira:

“Ao travar contato com a prática corporal, o sujeito atribui-lhe significados. A pessoa que lê um produto cultural, seja ela criança ou adulto, dialoga com ele, com seu autor e com o contexto em que ambos estão referenciados. Relaciona-se com seus signos e elabora uma compreensão dos seus sentidos, procurando reconstruir e apreender sua totalidade.” (NEIRA, 2014, p. 170).

 

 

REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA

 

NEIRA, M. G. “Ginástica na escola”; “Orientações Didáticas” e “Relato de Experiência”. In: In: Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 168-189.

Ginástica e Cultura

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