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Aula 13 (23/06):

Esta aula foi composta por cinco momentos:

 

MOMENTO 1:

A aula se iniciou com uma conversa sobre a possível paralisação no dia 30 de junho. A greve não entrou em votação, uma vez que o professor Marcos deixou claro que acataria a decisão de sua categoria, mas que gostaria muito que a aula ocorresse, uma vez que teríamos a professora Adriana como convidada para a vivência de dança.

 

MOMENTO 2:

Além da discussão sobre a possível greve, retomamos um pouco da aula passada (dia 09/06). O professor Marcos citou algumas das tensões que podem ocorrer quando se ensina lutas, como por exemplo, chamar apenas homens para demonstrar a luta e assim, reforçar o estereótipo de que apenas homens são fortes e podem lutar. Por esta razão chamou duas lutadoras para fazerem a demonstração das lutas.

 

Outra discussão que foi retomada foi a de que não se pode pensar que por praticar uma luta, seu praticante terá uma postura violenta. Aliás, muito pelo contrário, a luta ensina a ter paciência e apenas a se defender. Os alunos citaram alguns exemplos.

 

Por fim, este momento da aula foi encerrado com um comentário do Marcos Ribeiro a respeito da questão dos apelidos na capoeira, onde esclareceu que a professora que apresentou a capoeira, não tinha apelido, mas que há diversos grupos de capoeira e muitas possibilidades de organizações. Assim, alguns grupos apelidam seus participantes e outros não, ou apenas com o tempo.    

 

MOMENTO 3:

Neste momento, a palavra foi passada a professora Glaurea, que ministrou a aula sobre as danças.

 

Ela dividiu a apresentação em cinco partes:

1. O que pode ser a dança?     

2. “Uma” história da dança

​3. Outras histórias da dança  

​4. Sentidos contemporâneos da dança          

​5. A dança na escola

 

No primeiro momento falamos sobre a definição do que vem a ser dança. A professora explicou que para dançar, é preciso ter um ritmo e não necessariamente uma música. A dança é uma prática cultural e não artística e é constituída de três elementos: gestos, expressões e significados. Assim, os gestos expressam significados para os seus praticantes. Para Siqueira (2010) a dança pode ser entendida como:

“um sistema simbólico composto de gestos e movimento culturalmente construídos e faz parte da vida das sociedades desde os tempos arcaicos. Tal sistema pode expressar mensagens que contenham os mais variados objetivos e preocupações: do artístico e estético ao religioso e militar.”(SIQUEIRA, 2010, p. 94)

A respeito da história da dança, discutimos que há dois tipos de história da dança: a primeira versão é considerada a versão oficial, do tipo de dança elitizada e com reconhecimento social e histórico, originária da Europa; e a segunda versão são todos os outros tipos de dança ao redor do mundo.

 

Existem indícios de que os primeiros movimentos, que já podiam ser chamados de dança, tenham surgido com o homem primitivo, que usava a dança como magia ou como ritual mítico-religioso, mas a dança como a conhecemos hoje, teve o seu começo na Antiguidade. Nesta época surgiu o sentido de religioso e profano e principalmente na Grécia existia a dança sagrada e dança profana de caráter religioso, dramático, educativo e de lazer.

 

Durante a Idade Média houve uma diferenciação entre as práticas religiosas e as práticas populares. O Cristianismo sugeriu duas formas de expressão, onde uma era aceita e incentivada e a outra desconsiderada socialmente. Os gestos delicados foram considerados os nobres, enquanto a arte popular fora completamente destituída de prestígio social.

 

Os artistas de rua ofereceram resistência na época, porém não lograram impedir que os gestos específicos e delicados, passassem a ser elitizados de tal forma, que a dança deixou de ser uma prática que qualquer um poderia praticar. A rigidez dos gestos, como no balé, fez da dança uma apresentação artística, à qual poucos tinham acesso e poucos poderiam praticar. A racionalização dos movimentos fez com que apenas profissionais fossem capazes de executá-la. Assis (2013) denomina este período como uma "metáfora das relações políticas e sociais de uma trama bem ajustada de hierarquias".

 

Durante o Romantismo o balé surge na Itália e cresce na França, onde teve o seu apogeu. Expandiu-se também em países como Alemanha, Inglaterra e Áustria. Nesta época surgiu o movimento chamado de “ponta”, com um vestuário específico e na forma estética de realizar a dança (Siqueira, 2010).

 

Já durante a dança moderna, surge uma refutação aos formalismos e à rigidez do balé clássico. Dançarinas famosas como Isadora Duncan e outros, surgem nesta época com uma proposta de pés descalços, movimentos mais livres, embora ainda respeitem uma técnica organizada, como maneira mais moderna e pessoal de expressar ideias através da dança. Comparamos em aula a apresentação de balé clássico e a preformance de Isadora Duncan. A sua liberdade de movimentos e livre expressão foi perceptível a toda a sala.

 

Além da dança moderna, surge também a dança contemporânea. Apesar do forte paralelismo entre ambas, a dança contemporânea diferencia-se da moderna por não obedecer a técnicas e sofrer diversas influências. A dança moderna tem diferentes técnicas ligadas a vários coreógrafos, mas a contemporânea não tem essas técnicas, é a liberdade de expressão do bailarino. Não há mecanismos definidos, há antes processos e formas de criação. Parte-se de métodos desenvolvidos por bailarinos modernos, como improvisação, para uma construção personalizada da criação. Suas apresentações frequentemente ocorrem em outros espaços, que não os palcos, como ruas e espaços abertos. Vimos excertos de apresentações do Grupo Corpo e da Companhia Deborah Colker.

 

Quando começamos a falar de outras histórias da dança, que são todas aquelas que não se encaixam na história “oficial” da dança, encontradas no mundo inteiro e com diferentes significados, a professora Glaurea deixou claro que o recorte feito em aula foi aleatório e baseado em sua preferência: danças brasileiras e vindas do nordeste, baseadas em sua identificação com a região para a qual mudou há alguns anos e da qual gosta muito.   

 

Para Assis (2013), os Estudos Culturais têm sido negligentes em relação à dança, cuja análise vem sendo evitada em comparação a outras formas expressivas, faltando, nas perspectivas cultural, histórica e social, abordagens e discussões mais amplas entre os/as teóricos/as da dança.

 

Abordamos as danças: Candomblé, Maracatu, Frevo e Forró. O Candomblé faz parte de uma manifestação religiosa. Tem uma matriz africana e é um ritual aos orixás com gestos e ritmos específicos para cada orixá. O Afoxé é um cortejo de rua aos orixás, onde cada um é reverenciado ao longo da caminhada pelas ruas.

 

O Maracatu também faz parte de uma manifestação religiosa e é bastante dançado em Pernambuco. Como uma referência aos reinados do Congo, faz um cortejo a corte, tendo como personagens a rainha, o rei, a dama do passo (calunga), os príncipes, o vassalo (que carrega o pálio), as figuras da corte, os batuqueiros etc. Conversamos sobre as diferenças entre Maracatu rural e de baque solto.

 

O Frevo surgiu como um encontro de bandas marciais de capoeiristas nas ruas de Pernambuco durante o carnaval de Recife. O nome surgiu por conta de seus gestos fortes e vigorosos, que envolviam principalmente cortar e socar e quando aceleravam, “esquentavam” seus participantes, fazendo-os ferver. Com o tempo a palavra ferver, virou frevo.

 

O Forró, que surgiu no início do século XX, bastante presente na festa de São João nordestina, apresenta duas teorias sobre o surgimento de seu nome: a primeira é a de que forró venha do nome “Forrobodó”, um termo para festa ou “For all”, que significa em inglês: para todos. Acredita-se que por causa das festas dos militares estadunidenses que trabalhavam na base de Natal, nos momentos de lazer e festividade, estes dançavam esta música que era para todos.

 

Existem três tipos de ritmos diferentes: o baião (versão mais rápida), o xote (passos solitários), e o xaxado (mais famoso com dois passos pra lá e dois passos pra cá) e alguns tipos de forró como o pé-de-serra, universitário e eletrônico.

 

MOMENTO 4:

Neste momento observamos algumas imagens de pessoas dançando e respondemos: quem estava dançando; onde dançava(m); por qual finalidade dançava(m); para assim descobrir que tipo de dança estava(m) executando, pois a significação de quem pratica aquela dança, define que tipo de dança é aquela.

 

Nas imagens vimos pessoas dançando Zumba com a finalidade de emagrecimento; um grupo evangélico com finalidade religiosa; axé com finalidade de entretenimento; assim como um baile da terceira idade, entre outros. Quando vimos Funk sendo dançado na ‘Dança dos famosos’ da Rede Globo, a professora levantou o questionamento da diferença da aceitação e do olhar sobre quem pratica a dança e também lhe atribui um significado, quando, por exemplo, um negro que vive em comunidade e um branco universitário dançam funk.

 

MOMENTO 5:

Como não houve tempo para abordar a dança na escola através do vídeo “Dançando pelo Brasil” e do Relato realizado pela professora Jacqueline, os alunos ficaram de responder, individualmente, sobre quais acreditam serem as possíveis tensões ou os possíveis desafios que podem se fazer presentes no trabalho pedagógico com a dança na escola, realizado sob uma perspectiva cultural. Ficou combinado que a atividade seria respondida por e-mail.


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ASSIS, M. D. P; SARAIVA, M. C. O feminino e o masculino na dança: das origens do balé à contemporaneidade. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 02, p. 303-323, abr/jun. 2013.


SIQUEIRA, D. C. O. Do balé à dança contemporânea: corpos e técnicas em rede. In: Corpo, comunicação e cultura: a dança contemporânea em cena. Campinas: Autores Associados, 2006.

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Aula 13 (07/07): Vivências corporais – Salão Nobre da Escola de Aplicação.

Esta aula foi composta por 3 momentos:

 

MOMENTO 1:

No primeiro momento sentamos em roda e discutimos o final do curso e seus últimos trabalhos, como a etnografia e o relato desta aula. Relembramos também a diferença entre a dança “tradicional”, ou seja, a dança européia (Balé, dança Contemporânea e dança Moderna) e os “outros tipos de dança” sobre as quais conversamos na aula anterior (Maracatu, Candomblé, Frevo e Forró).

 

MOMENTO 2:

Fomos questionados sobre a diferença entre a dança Contemporânea e dança Moderna, e a proposta para a aula baseou-se em criar uma coreografia do estilo dança Contemporânea. Para isto cada grupo fora chamado em separado para vir à frente e observar uma imagem. Estas imagens, como descobrimos mais tarde, foram retiradas do livro Êxodos, do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que retrata diversos refugiados pelo mundo. Tendo a imagem como inspiração, foi nos pedido escolher um ritmo ou uma música para acompanhar a coreografia que criaríamos. Esta música poderia ser uma escolha nossa ou vir de uma sugestão dos professores.

 

No total tivemos oito apresentações bastante criativas e bonitas. Pudemos observar que alguns grupos, como o nosso, usaram a imagem para inspirar a sua apresentação e dar-lhe um tema, outros buscaram reproduzir a foto, levando o espectador a acreditar que estava presente no momento em que a foto fora tirada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na nossa imagem podíamos ver fugitivos assustados em um barco e assim, buscamos representar em nossa dança os temas: fuga e o refúgio. Para isto, começamos a apresentação espalhados pelo espaço, caminhando e olhando com medo uns para os outros. Formamos uma barreira que não deixava as pessoas entrarem, até que todos se espalharam pelo espaço e quando se juntavam, duas eram responsáveis por separá-los mais uma vez, até que conseguem se unir em seu barco. Na cena final reproduzimos a imagem que baseou a coreografia, onde uma parte do grupo busca fugir no barco e adicionamos duas pessoas do lado de fora que formaram uma espécie de barreira, impedindo-os de entrar.    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MOMENTO 3:

 

Após as apresentações de dança, discutimos com a professora Glaurea mais uma vez o lugar que a dança ocupa na escola, onde muitas vezes, considera-se que o tema dança foi trabalhado com a apresentação da dança de festa junina, quando na verdade os passos decorados de forma pouco natural e que têm pouca significação para o aluno, não os fazem compreender a linguagem da dança e os fazem futuros interessados em dança e sua linguagem.

 

É importante que o aluno compreenda como é possível trabalhar, por exemplo, o tema refugiados através da dança, e que esta é uma expressão cultural importante, de forma que como professores, ainda temos que desconstruir preconceitos e trabalhar com os climas de tensões que existem em volta da cultura e suas formas de expressão. O professor Neira (2014) nos conta, que:

 

“A escola é uma das instituições responsáveis pela construção e reconstrução crítica do patrimônio cultural disponível na sociedade. Sendo a cultura o conteúdo da educação e a linguagem um dos seus aspectos, as práticas produzidas pela linguagem corporal, entre elas a dança, devem ser transformadas em temas de estudo. [...] O desafio se apresenta na leitura crítica da sua ocorrência social, isto é, dos seus contextos de produção, manutenção, transformação etc. As atividades didáticas devem prever situações de estudo [...] e, finalmente, as crianças precisam ser convidadas a descobrir e sugerir suas próprias formas de dançar [...].” (NEIRA, 2014, p. 66)

 

Ao final da roda de conversa comemos bolo para comemorar !


 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

NEIRA, M. G. “As danças na escola”, “Orientações Didáticas” e “Relato de Experiência”. In: Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 66-86.

Dança e Cultura

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